quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um João...





Aqui em Fortaleza, na Bienal de Dança, foram duas semanas de muitos encontros. Pausa na pesquisa, para atravessamentos e graça de toda ordem. Um encontro fundamental: João Fiadeiro. Aqui e agora, breve diário de bordo de intensidades, sobre o estudo de uma composição em tempo real.
Ação que representa uma imagem ≠ Ação que é uma imagem
Como não manipular a situação/ação?
O ato de confiar no coletivo exige coragem.
“Esclarecer” é um ato de representação.
O método não é dramatúrgico, mas pode servir como instrumento para a inscrita dramatúrgica.
Dramaturgia: identificar o maior foco de interesse e tecer conexões.
O método não cria hipóteses, ele organiza as que já existem.
O método é útil na preservação da ideia.
O que chamamos de acontecimento não pode ser só o que está acontecer, mas também os rastros.
Como emergem os sistemas complexos? Emergem a partir do respeito por regras muito simples.
Como o coletivo pode se organizar não a partir de um dogma, um comando ou um líder, mas a partir de regras muito simples? Daí surge um fenômeno.
O equilíbrio está sempre dependente de uma relação de forças.
A imagem resulta das regras, não tenta significar.
Grande parte do trabalho é nomear claramente cada conceito. No método fica o que resiste.
O problema principal, na vida e na arte, é o Eu. É a incapacidade de se colocar no lugar do outro. Aqui, só existe o lugar do outro. Devemos sempre pensar: será que a imagem precisa de mim?
No fundo, a questão principal é como conseguimos construir uma comunidade. É um sistema autopoiético, um processo de cartografia.
Às vezes se age não em relação ao que está a acontecer, mas em relação a algo que já passou.
Uma das regras é: quando entramos, entramos para sempre. O “para sempre” não indica o final da cena, mas o instante máximo de sustentação de uma ação. Uma ação se situa como uma microcomposição.
As cenas iniciais podem emergir de qualquer lugar. As ações não têm retorno.
Qual o valor de uma imagem?
Para deixar uma imagem surgir, é preciso não querer. Para não querer, é preciso saber perder. Portanto, saber perder uma imagem é outra regra. A imagem só existe na duração.
Para deixar uma imagem surgir, é preciso não querer. Para não querer, é preciso saber perder. Portanto, saber perder uma imagem é outra regra. A imagem só existe na duração.
O problema não está no gesto, mas na pertinência do gesto.
Nós não somos tão importantes. É preciso uma humildade diante do fato de se estar vivo.
outubro/09

2 comentários:

  1. ai, dona andréa...

    obrigada por partilhar esses dados, essas ações mobilizadoras, esse momento que move em ti e reverbera de cá.

    merci, sempre!

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  2. Querida Andréa...
    Como é bom e prazeroso para o corpo e a mente dar-se a entrega de novos caminhos, sem pensar sequer num ação prática por um instante, deixar-se levar pelo momento e a partir do momento criar o inesperado.
    Sempre me detenho aos seus escritos, eles me possibilitam olhares vários a uma subjetividade expressiva.

    Desejosa de nossos encontros de estudos,

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